sábado, 24 de novembro de 2012

Por Terras de Lafões e da Linha do Vouga.

A 13 de Maio de 1436 foi instituído pelo Rei D. Duarte o concelho de Vouzela ou Lafões, composto por 44 freguesias e 13 coutos.

Durante alguns séculos não existiram grandes alterações nesta divisão administrativa, até que em 1834 se passou a repartir o concelho de Lafões em dois concelhos separados pelo rio Vouga, ficando as freguesias da margem esquerda deste para o concelho de Vouzela e as do lado direito para o concelho de S. Pedro do Sul. Mas a criação do concelho não o separa do julgado de Lafões.
Antiga Ponte Ferroviária de Vouzela

Nos finais do séc. XIX, Vouzela ainda é a única cabeça da comarca da região de Lafões.

Só a 4 de Maio de 1973 é que foi dado fim à esta indefinição acerca das freguesias que constituíam cada um dos concelhos, a restauração definitiva da Comarca de Vouzela tal como se encontra atualmente.

De origem muito remota, como atestam os inúmeros monumentos megalíticos, o concelho de Vouzela é um autêntico manual de historia onde cada canto podemos encontrar monumentos e marcas da nossa história, por exemplo a Torre de Vilharigues, Cambra, Alcofra e a Casa da Cavalaria.

A Igreja Matriz de Vouzela, monumento nacional desde 1922, é um templo que impressiona pela simplicidade austera do romântico a que foram acrescentados alguns belos pormenores de um gótico em ascensão. No interior, dos séculos XVIII e XIX, ressalta uma imagem de Cristo crucificado. Esta imagem é uma reconstituição fiel do original de Diogo Pires-o-Velho corroído pelo tempo. Digna de nota é também a bela imagem de Nossa Senhora do Rosário, de madeira policromada que, de expressão serena, nos recebe na calma obscuridade do templo onde sobressai apenas a esparsa luz reflectida na talha barroca dos altares.
Igreja Matriz de Vouzela
Um outro edifício, a Casa da Cavalaria, tem sido alvo de algumas considerações a que não é estranha uma personagem que é um dos símbolos desta terra: D. Duarte de Almeida, o Decepado de Toro.
Vouzela foi, desde tempos muito remotos, uma terra muito importante. Dos romanos sabe-se que por aqui fizeram passar o seu tráfego através da ligação viária para todo o império. Entroncamento de duas importantes vias, que a ligavam à civitas e à região do litoral.
A transacção de antiguidades, por exemplo, constitui já um ex-libris do concelho. A zona Industrial do Monte cavalo em expansão, mostra o dinamismo de uma terra que faz assentar nos alicerces do passado o seu futuro.
Em Vouzela passava a linha do Vouga, onde a Estação de Vouzela (106,200 Km) fazia parte integrante. 
Estação de Vouzela
Em 30 de Novembro de 1913, ligou-se Arcozelo das Maias a Vouzela, e, em 5 de Fevereiro do ano seguinte, completou-se a Linha do Vouga, com a abertura do troço entre as Termas de São Pedro do Sul e Moçâmedes (localidade da freguesia de São Miguel do Mato, município de Vouzela).

A exploração da Linha do Vouga foi iniciada em assembleia geral de 7 de Julho de 1923, a Compagnie Française pour la Construction et Exploitation des Chemins de Fer à l'Étranger decidiu transformar-se uma empresa de nacionalidade portuguesa, tendo sido publicados, tendo, em 1 de Abril de 1924, publicado os novos estatutos, criando a Companhia Portuguesa para a Construção e Exploração de Caminhos de Ferro, como uma nova entidade; uma divisão da antiga empresa francesa, que efectuava a exploração das linhas, também sofreu o mesmo processo, passando a deter o nome de Sociedade Portuguesa.

Mas, a 7 de Setembro de 1945, a Assembleia da República determinou que o governo começasse a planear a união de todas as concessões ferroviárias em Portugal, de bitolas estreita e larga, numa só, de forma a melhorar a gestão e eficiência desta modalidade de transporte.

A linha do Vouga morre, no seu troço a partir de Sernada do Vouga em 1 de Janeiro de 1990. Hoje, em alguns pontos da parte encerrada temos uma ecopista para passeio de bicicleta e caminhada.

Hoje em no centro de Vouzela restam uma ponte pedonal (antiga ponte ferroviária sobre o Rio Zela, a Estação de Rodoviária (antiga Estação de Comboios) e uma Locomotiva a Vapor (CP - E 202).
Ponte Ferroviária: Hoje Pedonal

Locomotiva a Vapor CP - E 202

Em Vouzela, em termos gastronómicos podemos encontrar excelentes iguarias: a famosa Vitela de Lafões, a chouriça, a morcela, os rojões de porco à moda de Lafões, o cabrito assado no forno, o cozido à portuguesa, as papas de milho, o arroz de feijão com pataniscas de bacalhau, a broa de milho, o vinho da região Dão-Lafões, os pastéis de Vouzela, o folar, as raivas, os caladinhos, os bolos de gema, a sopa seca, os bolos de limão, as cavacas, os beijinhos e as passarinhas.

Depois do pecado da gula, podemos recuperar com um bom descanso nas Termas de S. Pedro do Sul (concelho vizinho).

Não deixe de visitar, porque em Lafões passam-se fantásticos verões!










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